Meu mar

Em meio a um mar de confusões
Encontrei-te
E as minhas incertezas
Confrontaste

Em meio a um mar de desilusões
Abracei-te
E meus medos
Afastaste

Em meio a uma tormenta em mim
Vi-te
E minhas lágrimas de dor
Abraçaste

E esse mar revolto
Acalmaste
E nesse mar de eu
Mergulhaste

O não
nem sempre é fácil de se dizer
O não
significa escolher

Ou não
para alguns é uma palavra simples
Esse não
significa medo de viver

Mas não
àqueles que anseiam ser
Só não
querem deixar essa palavra vencer

Esse não
que cala vontades e desejos
O não
que segura e sufoca sem parecer

Tentar virou regra 

Aceitar a derrota virou opção certa

Temos que seguir sem reclamar

Quem disse?

O cansaço sempre nos toma

A cegueira nos liberta

O esquecer nos abandona

Quem disse?

Temos que acordar

Queria enxergar

Preciso lembrar

Para poder reclamar

Superar a queda

Para, enfim, conseguir

Sofro demais
Espero demais
Me importo demais
Me cuido de menos

Quero demais
Faço demais
Luto demais
Penso de menos

Amo demais
Acredito demais
Me iludo demais
Vivo de menos

Demasiadamente insana
Exageradamente solta
Desesperadamente inóspita
Arrasadoramente rouca

De um grito que ninguém escuta
Uma língua ininteligível
Um gesto incompreensível
Um amor que não vale a luta

A vida nos leva por caminhos
não nos permite entender
trilhamos com a certeza
de que sabemos exatamente como vai ser

Até que com a surpresa nos deparamos
seja ela boa ou ruim
nos leva a escolher novos rumos
não há como não ser assim

E nos leva àqueles
aqueles que não conseguiremos viver sem
que irão fazer parte de nossas entranhas
da nossa existência e metas também

Viveremos
Uma só batida, um só pulsar,
uma só vida, um só amar
estaremos unidas, sem quê nem porquê
para sempre, só eu e você

A arte do encontro

A vida é mesmo um moinho
que não pára de girar
E não nos permite ficar no ninho
mas sempre nos obriga a voar

Graças ao ímpeto que nos leva
nós acabamos por encontrar
Encontramos encontros e partidas,
histórias que não sabemos como começar

Encontramos problemas e quedas
situações que à prova nos colocam
Que, quando ultrapassadas, sorrimos
sentimos que nossas forças renovam

Encontramos aqueles que nos serão importantes
mas nem temos noção de que isso pode acontecer
Até que estão lá naquele exato momento
e só então nos é permitido perceber

É a arte do encontro
que nos leva ao céu e ao chão sem saber
E nos obriga a mudar, a seguir, sorrir e chorar
mas o que seria o encontrar, senão viver?

Escolhas...

Algumas decisões simplesmente são tomadas
Sem sabermos o quão importantes elas serão
Sem contarmos com a sabedoria necessária
Nem a vivência que a vida e o fado nos exigirão

Não adianta também viver a olhar para trás
Nem indagar ou questionar com tantos porquês
As decisões tomadas são aquelas e pronto
Independentemente da loucura, da insensatez

Não se pode, outrossim, se prender ao medo
Nem podemos nos deixar limitar pelo temor
As decisões são sim necessárias para seguirmos
Traçam nosso caminho ao inferno ou ao amor

Vivemos assim nessa dificuldade de viver
A escolher sem saber, a andar vendados
Sem poder parar sob pena de perder
E a temer optar pelos passos errados.